domingo, 8 de julho de 2012

ADMINISTRANDO A MUDANÇA


Lendo o editorial do último “O BATISTA NACIONAL” escrito pelo Pr. José Carlos da Silva, intitulado “Vinho novo em odre velho”, pode-se perceber uma preocupação, ou algo mais que preocupação, alguma coisa que poderia ser chamada de peso, um grande peso. Preocupação já ficou longe no passado, esse peso atual é fruto dela, resultado de longos momentos buscando saber o que fazer, pensando uma saída, um modo de conciliar o novo, inexoravelmente inevitável, e o antigo, inegavelmente, comprovadamente satisfatório.
O antigo precisa ser respeitado, tem de ser valorizado pelo que já mostrou de eficiência, comprovada nos resultados apresentados por anos de contribuição ao Reino de Deus, resultados esses que são mais que números estatísticos ou logísticos, são almas recolhidas na imensa sarjeta da vida, agregadas o rebanho do sumo Pastor, são projetos idealizados e realizados cujos resultados são confirmados pelo que hoje se pode ver, amizades construídas e mantidas através de anos, são histórias de vida onde se mesclam nas lembranças, a família, o ministério, vitórias e derrotas, conquistas e perdas, enfim, é muita coisa para se jogar fora.

Pode parecer apenas saudosismo, o partidário do novo pode pensar assim, argumenta que o novo vai resolver o que o velho já não consegue, que é o resultado evolutivo do que já não pode mais se sustentar, pois já não atende às necessidades de uma época diferente daquela em que foi criado. Não é mero saudosismo, é receio de se jogar fora o que os anos de bons resultados puderam comprovar, e que a própria estrutura que hoje se vê, montada enquanto o velho geria, confirma.

O novo, uma imensa onda, um verdadeiro “Tsunami”, pede passagem, aliás, não pede, impõe... seus argumentos são fortes, incontestáveis, seus resultados crê-se, são óbvios, ainda que não confirmados pela passagem dos anos. Números atuais, causadores de temor por causa de falta da prova do tempo, reais, embriagadores, e a necessidade verdadeira de mudança, de adaptação às exigências do modo de viver do homem moderno, são fortes argumentos a favor do novo.

Parece que os argumentos são infindáveis de ambos os lados, igualmente justos e indispensáveis, dá a cada um dos lados a convicção da certeza. O que fazer para conciliar duas montanhas que querem estar no mesmo lugar? O que fazer para anular o princípio da física de que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo? É claro que esse princípio é fundamentado no estuda da matéria física, mas os argumentos de ambas as “montanhas” são tantos e tão sólidos, tão incontestáveis que apresentam em comum com a matéria física a faculdade da impenetrabilidade. Usando (abusando?) ainda do recurso da alegoria, é preciso diminuir a dificuldade da fusão entre tais montanhas de argumentação, é preciso permitir discussão dos pontos defendidos por cada lado, é preciso aceitar uma diluição moderada pelo menos, de cada uma das partes, que não leve à extinção, mas que permita um mínimo de convivência que garantirá a continuidade. Quando dois objetos tentam se colocar ao mesmo tempo no mesmo lugar, o que ocorre é um acidente, cujo resultado é a destruição de ambos.

Dura coisa é estar em posição de ter que arbitrar tal situação, ao ler o Editorial, referido no princípio desse texto, fui tomado por um sentimento de simpatia e de solidariedade para com nosso atual presidente, Pr. José Carlos da Silva. Sendo pastor e também tendo de administrar esse pavoroso conflito de gerações, que diminui a compreensão da realidade que as pessoas precisam ter, posso entender a dificuldade e os pesares que devem trazer ao coração o desejo incompreendido, e a obrigação responsável, de ter de fazer o melhor com esse imenso e maravilhoso patrimônio chamado CBN.

Pr. Derli Oliveira de Lima
Presidente da Ormiban/PR

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